20 de junho de 2007

Quando criança

Sabe aquele dia em que acordamos com medo de tudo?Medo porque está tudo bem e pode ser que daqui a algumas horas já não esteja mais. Medo de sentir-se feliz só porque lá fora tá um dia bonito de sol.
Descobri que quando éramos crianças parecíamos mais corajosos. Uso o plural porque constatei que isso não acontece somente comigo. Parece que sentimos que nada nos atinge, pelo menos fisicamente, e que é o mundo que espera que a gente cresça, enquanto passamos a tarde toda brincando de super-herói. Infelizmente as coisas mudam. E de tudo que eu perdi do tempo em que eu era criança, o que ainda me sobrou foram os sonhos. Das histórias de príncipes e princesas, da resposta para aquela repetitiva pergunta: "O que você vai ser quando crescer?" e dos meu romantismo bobo que me persegue sempre, eu nunca esqueci.
Se eu já fosse velha esse texto teria um cunho bastante saudosista, mas não, só o escrevo porque sinto que estou no auge de minha ternura. Não me preocupo mais tanto com meu passado, ele não me martiriza mais, me fortalece. Nesse momento, quando a gente ama da maneira mais intensa, o amor - por mais que seja o mais lindo que já senti - parece querer me conscientizar de sua potencial pouca duração e que nem sempre o meu príncipe vai querer ser o príncipe que eu desenhei quando era criança. É aí que experimentamos a necessidade invencível de perguntar: "Mas você me ama?Vai me amar pra sempre?". E então o coração se alegra ao ouvir um sim, ao sentir aquele abraço apertado que parece querer falar ao meu corpo o quanto o que sentes é verdade. Ah, são nessas horas que eu vejo o meu medo esvaindo e deixando aquela certeza que eu tinha de quando era criança. Vai ficar tudo sempre muito bem.

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